Chapada Diamantina - Foto: João Ramos/Bahiatursa

Chapada Diamantina – Foto: João Ramos/Bahiatursa

Três incêndios atingiram a Chapada Diamantina nesse final de semana, segundo o Parque Nacional da Chapada Diamantina, que recebe alarmes de incêndio na região. Desde a última sexta-feira, 11 de setembro, incêndios próximos a Andaraí, Mucugê e Vale do Capão preocupam gestores do parque.

O primeiro incêndio começou na Serra do Ramalho, próximo a Andaraí, às 17h de sexta. Ele continua em curso, segundo Pablo Casella, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o Parque. As brigadas voluntárias de incêndio de Andaraí e Barra da Estiva continuam tentando controlar o fogo.

No sábado, 12 de setembro, por volta das 11h, houve um alarme de incêndio próximo a Mucugê. Segundo Casella, foi combatido por equipes do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo/Ibama) e do ICMBio, além de bombeiros e voluntários de Mucugê e Barra da Estiva. O incêndio foi controlado na noite de domingo e é considerado extinto.

Um terceiro incêndio aconteceu no domingo, 13 de setembro, na região conhecida por Gerais dos Vieiras, próxima ao Vale do Capão. As chamas foram combatidas por uma brigada voluntária do local. Segundo Casella, a brigada retornou às 4h desta segunda, mas ainda não há informações sobre se o incêndio foi extinto.

“Eles controlaram, mas não extinguiram. Seria necessário um outro trabalho, de extinção, mas ainda não temos pessoas para isso. Ainda estamos em alerta”, afirma. Casella conta ainda da possibilidade de outro foco. “Eles estão visualizando uma fumaça perto do morro Manoel Vitor, que é próximo. Não sabemos se é o mesmo ou outro incêndio”.

O analista afirma que os três incêndios não têm ligação uns com os outros. “São três casos independentes, as regiões são muito distantes”, diz Casella. Ele conta que quase sempre a causa do incêndio é humana, seja de maneira proposital ou por acidente. “O clima pode ter participação na propagação, mas não no início do incêndio. Em 99% das vezes o fogo vai começar pelas mãos de alguma pessoa”, conta. “A única fonte de incêndio natural na Chapada são os raios. Existe, é conhecido, testemunhado, mas raro. No cenário climático e vegetação da Chapada não conhecemos combustão espontânea”, conclui.

A polícia investiga se os incêndios foram provocados propositadamente.

Casella aproveita para fazer um apelo por apoio aéreo. “Esses incêndios demandam combate aéreo, como é feito no mundo todo. Estamos fazendo bravamente o combate terrestre, mas precisamos do apoio aéreo, principalmente de helicópteros. Eles fazem um trabalho importante que é chegar rapidamente no local do incêndio”, conta. Ele diz que, ocasionalmente, recebem apoio do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar e do helicóptero da Casa Civil do estado.

Até o momento, não há estimativa oficial da área atingida. Casella lista os efeitos mais prováveis. “Os danos genéricos são diretamente sobre as populações de plantas, animais e micro-organismos. Podemos falar em prejuízo no sistema de recarga hídrica na serra do Sincorá, que é o que garante o fornecimento de água para os rios da bacia do Paraguaçu”, enumera, explicando com uma metáfora. “O sistema de solo e plantas é como uma esponja. As plantas ajudam a absorver a umidade da atmosfera. Sem as plantas, a esponja fica menos absorvente”. Casella conta ainda que o Brasil é um dos quatro países que mais emitem gases do efeito estufa, por conta da grande quantidade de queimadas florestais.

Fonte: Correio 24h e Agência Brasil