A Real Academia Sueca das Ciências concedeu na quarta-feira, 07 de outubro, o Prêmio Nobel de Química aos pesquisadores Thomas Lindahl, da Suécia, Paul Modrich, dos Estados Unidos, e Aziz Sancar, da Turquia, pelo estudo de mecanismos que permitem a reparação de DNA.
Lindalh, de 77 anos, é ligado ao Instituto Francis Crick e ao Laboratório Clare Hall, ambos no Reino Unido; Modrich, de 69 anos, à Escola de Medicina da Universidade de Duke (EUA), e Sancar, também de 69 anos, da Universidade da Carolina do Norte (EUA).
Os três pesquisadores, segundo o Comitê Nobel, conseguiram, por meio de uma espécie de “caixa de ferramentas de reparação de DNA”, mapear, em nível molecular, a forma como reparar as células danificadas, permitindo também preservar a informação genética. “O trabalho desenvolvido forneceu conhecimento fundamental sobre como funciona uma célula viva e pode ser usada, por exemplo, no desenvolvimento de novas terapias contra o câncer”, afirma o Comitê Nobel, em comunicado.
Segundo a nota, o DNA é diariamente danificado pelas radiações ultravioletas, por radicais livres (quando a molécula “atacada” perde o seu elétron, torna-se um radical livre, iniciando reação em cadeia) ou por outros agentes cancerígenos.
“No entanto, mesmo sem esses ataques externos, a molécula de DNA é intrinsicamente instável”, diz o comunicado, acrescentando que diariamente ocorrem milhares de alterações espontâneas num genoma celular. Paralelamente, podem surgir alterações quando o DNA é copiado durante a divisão de uma célula, processo que ocorre milhões de vezes por dia no corpo humano.
“A razão pela qual o nosso material genético não se desintegra num completo caos químico passa pelo fato de que um conjunto de sistemas moleculares monitora e repara continuamente o DNA. O Prêmio Nobel de Química 2015 é concedido aos três cientistas pioneiros que mapearam a forma como funcionam muitos desses sistemas de reparação em um nível molecular pormenorizado”, afirma ainda a nota.
O documento lembra que, no início da década de 70, os cientistas acreditavam que o DNA era uma molécula extremamente estável. Tomas Lindahl demonstrou, porém, que o DNA se deteriora de tal forma que devia tornar impossível o desenvolvimento de vida na terra, perspectiva que levou o pesquisador a descobrir uma espécie de “maquinaria molecular” que contraria constantemente o colapso da molécula.
Aziz Sancar, por sua vez, mapeou a reparação do mecanismo que as células utilizam para corrigir os estragos provocados pelos raios ultravioletas no DNA. As pessoas que nascem com deficiência neste mecanismo poderão desenvolver com maior probabilidade o câncer de pele na sequência de uma exposição ao sol. A célula também recorre à reparação para corrigir os defeitos causados por substâncias mutagênicas.
Paul Modrich demonstrou como a célula corrige erros que ocorrem quando o DNA é replicado durante a divisão de uma célula. O mecanismo reduz a frequência do erro durante a replicação do DNA mais de mil vezes. Os defeitos congênitos da falta de uma reparação das células podem provocar frequentemente uma variante hereditária de câncer do cólon.
Criado desde 1901, o Nobel de Química 2015 foi o 21º prêmio a contemplar três pesquisadores – em 23 vezes, ganharam dois e em 63 vezes, um, para um total de 172 premiados.
Fonte: Agência Brasil