Cientistas da Universidade de Turku, na Finlândia, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Instituto de Botânica de São Paulo, criaram uma ferramenta online para identificação de samambaias da Amazônia. Com isso, pretendem obter informações importantes para a conservação da biodiversidade do bioma. Isso porque as samambaias são plantas indicadores de propriedades do solo e de padrões florísticos, usados no mapeamento de tipos florestais.
A ferramenta contém chaves interativas para a identificação de mais de 250 espécies de samambaias. “A chave contém perguntas sobre a planta, como o tamanho e a forma da folha, e o identificador pode respondê-las em qualquer ordem. Se a questão parece difícil, pode simplesmente pular para outra mais fácil”, explica o pesquisador Jefferson Prado, do Instituto de Botânica de São Paulo.
Outra vantagem é que a ferramenta pode ser atualizada continuamente. “Este ano, por exemplo, três novas espécies do gênero Metaxya foram descritas e as incluímos imediatamente”, destaca a pesquisadora Gabriela Zuquim, colaboradora do Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (Cenbam) e doutora pelo Programa em Biologia, Geografia e Geologia da Universidade de Turku.
“Tentamos fazer com que a chave fosse o mais fácil possível. As espécies são ricamente ilustradas para que o usuário possa comparar a planta que tem em mãos com as fotos da chave. São mais de 5 mil fotos e ilustrações”, acrescenta.
A ferramenta está baseada no guia de identificação de samambaias da Reserva Biológica do Uatumã, lançado em 2008, pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) e pelo Cenbam. O livro incluía apenas espécies de uma região da Amazônia Central, e a chave em versão digital expandiu a área de abrangência para toda a Amazônia. O projeto foi financiado pela Academia da Finlândia.
“Os inventários e coletas nos sítios do PPBio, como a Reserva Biológica do Uatumã, localizada a cerca de 140 quilômetros ao norte de Manaus, foram importantes para que a lista de espécies a serem incluídas nas chaves fosse a mais completa possível”, diz a pesquisadora.
A chave foi testada em workshops no Peru, Brasil e Estados Unidos. Mesmo sem experiência em identificação de samambaias, alunos de graduação e mestrado em biologia de diversas partes do Brasil foram capazes de identificar rapidamente ao menos 50% das plantas observadas em uma expedição realizada na Reserva Ducke.
“Esperamos que isto inspire as pessoas a coletarem mais dados sobre as samambaias da Amazônia. Essa é uma grande contribuição no sentido de identificarmos e compreendermos os padrões florísticos e geográficos da região”, afirma Hanna Tuomisto, pesquisadora da Universidade de Turku, na Finlândia.
Fonte: MCTIC
Imagem: Inpa