Novos anticorpos monoclonais codificados por DNA sintético (DMAb) projetados para combater o vírus do Ebola, desenvolvidos por pesquisadores do Instituto Wistar, dos EUA, mostraram-se eficazes em testes pré-clínicos. Os resultados do estudo, publicados online na revista Cell Reports, mostraram que os DMAbs ficaram ativos por um longo tempo e ofereceram proteção completa e de longo prazo contra os desafios letais ocasionados pelo vírus. As DMAbs também podem oferecer uma nova e poderosa plataforma de rastreamento rápido de anticorpos monoclonais, melhorando o desenvolvimento pré-clínico.
A infecção pelo vírus Ebola causa uma doença devastadora, para a qual não existe vacina ou tratamento licenciado. A epidemia do Zaire ebolavirus se alastrou de 2014 a 2016 na África Ocidental e foi a mais grave relatada até agora, com mais de 28.600 casos e 11.325 mortes, de acordo com o Centro de Controle de Doenças. Um novo surto está em curso na República Democrática do Congo, com mais de 200 mortos desde agosto.
Um dos caminhos experimentais que os cientistas estão buscando é avaliar a segurança e a eficácia de anticorpos monoclonais isolados de sobreviventes para desenvolvê-los posteriormente como terapia contra a infecção pelo vírus Ebola. No entanto, esta abordagem requer altas doses e administração repetida de anticorpos monoclonais recombinantes que são complexos e caros de fabricar, portanto, atender à demanda global, mantendo o custo acessível, é um desafio.
“Nossos estudos mostram a implantação de uma nova plataforma que combina rapidamente aspectos da descoberta de anticorpos monoclonais e a tecnologia em desenvolvimento com as propriedades revolucionárias da tecnologia de DNA sintético”, disse o pesquisador David B. Weiner, vice-presidente executivo e diretor do Centro de Vacinas e Imunoterapia Wistar e professor em Pesquisa sobre o Câncer da Instituição de caridade W.W. Smith.
A equipe projetou e aprimorou os DMAbs otimizados que, quando injetados localmente, forneceram o diagrama genético para o corpo produzir anticorpos específicos para o vírus Ebola, pulando assim várias etapas do processo normal de desenvolvimento e fabricação de anticorpos. Dezenas de DMAbs foram testados em camundongos e os de melhor desempenho foram selecionados para estudos posteriores. Estes provaram ser altamente eficazes para fornecer uma proteção completa contra doenças em estudos.
“Devido às propriedades bioquímicas intrínsecas, alguns anticorpos monoclonais podem se desenvolver de forma difícil e lenta, e sua fabricação pode ser até mesmo impossível, o que causa a perda de moléculas potencialmente eficazes no processo de desenvolvimento”, acrescentou Weiner. “A plataforma DMAb permite coletar anticorpos protetores de pessoas protegidas, transformá-los rapidamente e, em seguida, entregá-los in vivo para proteger contra o desafio infeccioso. Tal abordagem pode ser importante durante um surto, quando precisamos projetar, avaliar e oferecer terapias que salvam vidas em um período rápido o suficiente.”
“Começamos com anticorpos isolados de sobreviventes e comparamos a atividade do anti-vírus Ebola DMAbs e anticorpos monoclonais recombinantes ao longo do tempo”, disse Ami Patel, primeiro autor do estudo e cientista associado do Centro de Vacina e Imunoterapia Wistar. “Nós mostramos que a expressão in vivo dos DMAbs provê uma proteção estendida em relação às abordagens tradicionais com anticorpos.”
Os pesquisadores também analisaram como os DMAs interagem fisicamente com seus alvos no vírus Ebola, chamados epitopos, e confirmaram que os DMAbs se ligam aos mesmos epitopos que os anticorpos monoclonais recombinantes correspondentes, produzidos em instalações de bioprocessos tradicionais.
O Laboratório Weiner também está desenvolvendo uma vacina de DNA contra o vírus Ebola. Os resultados pré-clínicos desse esforço foram publicados recentemente na revista Journal of Infectious Diseases.
Instituto Wistar
Fonte: Scientific American Brasil