A divulgação de resultados de projetos científicos e tecnológicos para público amplo tem sido uma preocupação crescente da comunidade acadêmica e também das agências de fomento, como a Fapesp e o CNPq. A transferência de conhecimento para a sociedade contribui para o desenvolvimento da cultura científica da população e é instrumento de cidadania, na medida em que capacita o cidadão para que se torne partícipe dos processos decisórios na área.
Nesse contexto, o projeto “Melhoria dos métodos de estimativa de biomassa e de modelos de estimativa de emissões por mudança de uso da terra”, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), dedicou uma parte de seus recursos à produção do documentário “Amazônia Climática” e de três filmes curtos, abordando temas relacionados às pesquisas na região. As quatro produções estão disponíveis na Internet (veja links adiante). O objetivo principal da iniciativa foi compartilhar, com os diversos públicos, a metodologia e o conhecimento inovadores gerados pelo projeto, visando ao melhor entendimento do papel da Floresta Amazônica no clima do planeta.
O roteiro do documentário, que tem 36 minutos de duração, foi estruturado em três partes. “Amazônia Carbônica” apresenta os conceitos de estoque de carbono e a importância de se reduzir as incertezas na quantificação de biomassa da região (objetivo do projeto), além de explicar a metodologia utilizada; “Amazônia Líquida” apresenta a hidrologia da região e a importância da Amazônia nos processos de precipitação na América do Sul; “Amazônia – floresta de vidas” mostra a imensa biodiversidade da região e as relações ecológicas. Três filmes curtos (4 min) foram gerados a partir do documentário, abordando os temas separadamente. Além de entrevistas com pesquisadores envolvidos no trabalho, os filmes trazem imagens e textos de contextualização que facilitam o entendimento do conteúdo.
Assista aos filmes:
Documentário: Amazônia Climática:
Amazônia Líquida:
Amazônia – floresta de vidas:
Amazônia Carbônica:
Conheça o projeto
O projeto “Melhoria dos métodos de estimativa de biomassa e de modelos de estimativa de emissões por mudança de uso da terra” utilizou a tecnologia LiDAR, um sensor laser ativo capaz de modelar a superfície do terreno tridimensionalmente, obtendo informações da altura da vegetação. O objetivo foi gerar um novo mapa de biomassa florestal para a Amazônia, reduzindo incertezas relacionadas às estimativas de cada área amostrada e da representação dos dados para a região. “Esse projeto foi a primeira iniciativa do Brasil para a coleta de um grande volume de dados LiDAR no bioma Amazônia”, afirma o pesquisador Jean Ometto (INPE), coordenador do projeto.
Com o uso do sensor LiDAR aerotransportado foi possível obter informações precisas da altura da vegetação de áreas representativas e com variabilidade de condições e características florestais do bioma Amazônia, como florestas protegidas, degradadas, florestas secundárias e alagáveis. “Por meio das informações obtidas com os dados LiDAR e realizando trabalho de inventário florestal, conseguimos estimar a biomassa florestal com boa precisão. A utilização conjunta de outras fontes de dados de sensoriamento remoto e dados de inventários florestais em campo, possibilitou extrapolar a biomassa para toda a área de cobertura florestal do bioma”, explica Ometto.
Além de sobrevoar as áreas definidas a partir do mapeamento do PRODES – Monitoramento da Floresta Amazônia Brasileira por Satélite, a aeronave que transportava o LiDAR sobrevoou áreas de vegetação secundária mapeadas anteriormente pelo Projeto TerraClass Amazônia e áreas de florestas sazonalmente inundadas.
Dentre as possíveis aplicações desse mapa de estimativa de biomassa florestal, está a contribuição às discussões e base de dados utilizados pelas Comunicações Nacionais para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e nos mecanismos de incentivo à redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal, a exemplo do REDD+. Além disso, o mapa produzido poderá auxiliar modelos climáticos e de vegetação que demandam dados desta variável como parâmetros de entrada.
Concluído em 2018, o projeto Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia (MSA) teve início em 2014 para apoiar o desenvolvimento de estudos sobre usos e cobertura da terra no bioma Amazônia, bem como a ampliação e o aprimoramento do monitoramento ambiental por satélites realizado pelo INPE. Foi executado pelo Instituto através de sua instituição de apoio, a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais (Funcate) e o BNDES, com recursos do Fundo Amazônia.