O Biólogo e professor emérito de Ecologia da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Nogueira Neto, morreu nesta segunda-feira, 25/02, aos 96 anos.

Reconhecido nacional e internacionalmente pelo trabalho em defesa da conservação do meio ambiente, Paulo Nogueira Neto foi o primeiro presidente do Conselho Federal de Biologia (1983-1985), tendo participado ativamente na década de 1970 da luta pelo reconhecimento da profissão no Brasil. Foi um dos fundadores da Associação Paulista de Biólogos (APAB), que lutou pela regulamentação da profissão de Biólogo, o que aconteceu em 3 de setembro de 1979, com a sanção da Lei nº 6.684.

Nogueira Neto era graduado em Ciências Jurídicas e Sociais (1945) e em História Natural (1958) pela Universidade de São Paulo (USP), tendo concluído doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) também pela USP, em 1963, sobre a arquitetura dos ninhos de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae).

Secretário especial de Meio Ambiente entre 1973 e 1985, em um órgão criado pelo governo militar que seria o embrião do Ministério do Meio Ambiente, Nogueira Neto foi responsável por introduzir no País a agenda da conservação da natureza, criando 26 estações ecológicas e áreas de proteção ambiental (APAs), em um total de 3,2 milhões de hectares protegidos, em uma época em que o discurso oficial era desenvolvimentista e pregava o avanço, em especial sobre a Amazônia.

Nogueira Neto deu origem a alguns marcos regulatórios, como a Política do Meio Ambiente, de 1981, que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ainda na década de 1980 foi um dos dois únicos representantes da América do Sul na Comissão Brundtland, da Organização das Nações Unidas (ONU), onde foi cunhado o conceito de desenvolvimento sustentável.

O pesquisador, que criaria o Departamento de Ecologia da USP, iniciou sua carreira na área investigando abelhas sem ferrão, após ganhar uma colmeia do sogro. “Ele entendeu qual era o problema científico intocado que estava naquele material”, contou o zoólogo e amigo Paulo Vanzolini (1924-2013) na ocasião em que Nogueira-Neto foi agraciado com o Prêmio Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação em 2005. A distinção é concedida desde 1997 pelo Estado e pelo Centro de Integração Empresa Escola (Ciee).

Clima – Nogueira Neto também foi um dos primeiros no Brasil a falar abertamente sobre o risco das mudanças climáticas. “Ou se controlam as emissões de gás ou teremos problemas seriíssimos daqui para frente, não só com as tempestades.” E dava a receita. “Só há uma maneira prática de parar esse processo, que é plantar floresta, que é capaz de retirar carbono da atmosfera. E o custo do reflorestamento é de quem gera carbono.”

 

Fonte: Com informações da Imprensa do CFBio e do Estado de São Paulo