Células artificiais que podem matar bactérias foram criadas por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis. O trabalho foi relatado em 29 de agosto na revista ACS Applied Materials and Interfaces.

“Nós concebemos o projeto dessas células artificiais desde os elementos mais simples até os mais complexos, como se estivéssemos montando um objeto com blocos de Lego, com o objetivo de torná-las capazes de destruir as bactérias”, disse o professor assistente Cheemeng Tan, que liderou o trabalho. As células são construídas a partir de lipossomas, ou bolhas com uma membrana lipídica parecidas com as de células, e componentes celulares purificados, incluindo proteínas, DNA e metabólitos.

“Nós demonstramos que as células artificiais podem sentir, reagir e interagir com as bactérias, bem como funcionar como sistemas que detectam e matam bactérias, com pouca dependência em relação ao ambiente”, disse Tan.

As células artificiais da equipe imitam as características essenciais das células vivas, mas são de curta duração e não conseguem fazer a divisão para se reproduzir. As células foram projetadas para responder a uma assinatura química única, a das bactérias E. coli. Elas foram capazes de detectar, atacar e destruir as bactérias em experimentos laboratoriais.

Anteriormente, as células artificiais só obtinham sucesso em ambientes ricos em nutrientes, disse Tan. No entanto, ao otimizar as membranas das células artificiais, o citosol e os circuitos genéticos, a equipe as fez trabalhar em uma ampla variedade de ambientes e com disponibilidade limitada de certos recursos, como a água, o que demonstra sua força em condições não-ideais ou em transformação. Essas melhorias ampliam significativamente a aplicação potencial de células artificiais em geral.

As células artificiais antibacterianas podem um dia ser colocadas em pacientes para combater infecções resistentes a outros tratamentos. Elas também podem ser usadas para distribuir drogas em um local e horário específicos, ou como biossensores.

Os co-autores do artigo são Yunfeng Ding, Eliza Morris, Luís Contreras-Llano e Michelle Mao. O trabalho contou com o apoio da NSF, da Bolsa Branco-Weiss para o professor Tan e de uma bolsa de doutorado UC MEXUS-CONACYT para a Contreras-Llano.

Fonte: Scientific American Brasil