O Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo, com 221 unidades e 186 postos de coleta, segundo o Ministério da Saúde. Apesar da estrutura e das mobilizações, o número de doações ainda é baixo, e a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano consegue suprir aproximadamente 60% da demanda para os recém-nascidos prematuros e de baixo peso internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais do país.
“Nada é mais presente do que o senso de solidariedade de uma mãe que amamenta seu bebê. Se as mães não realizam a doação como a gente precisa, em verdade, é porque nós estamos sendo muito ineficazes no processo de comunicação com essas mães, sequer para apresentar o real significado da necessidade de doação”, disse o coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, João Aprígio.
Mortalidade infantil – A amamentação é o principal fator de redução da mortalidade infantil, pois diminui a ocorrência de diarreias e infecções, principais causas de morte em recém-nascidos. Estima-se que o aleitamento materno reduza em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos por causas preveníveis.
No Brasil, nascem aproximadamente 3 milhões de bebês por ano, e 14% deles são prematuros ou têm baixo peso (menos que 2,5 quilos). “Ao trabalhar com essas crianças não estou preocupado apenas em recuperá-las mais prontamente para tirar da fase aguda, estou construindo um sujeito para vida toda”, disse Aprígio, explicando que o aleitamento materno também diminui a chances de doenças crônicas não transmissíveis.
Desenvolvida há 32 anos, a estratégia de bancos de leite beneficiou, entre 2009 e 2016, mais de 1,8 milhão de recém-nascidos e teve apoio de 1,3 milhão de doadoras.
O Brasil tem acordos de cooperação e exporta técnicas de baixo custo utilizadas na implantação de bancos de leite em 24 países. Segundo o Ministério da Saúde, em 2001, a Organização Mundial da Saúde reconheceu a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano como uma das ações que mais contribuíram para a redução da mortalidade infantil no mundo na década de 1990. De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu 70,5%.
A doação de leite humano também representa uma economia de R$ 180 milhões com a diminuição da necessidade de compra de fórmulas artificiais nas maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Como doar – Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano, basta estar saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. Quem estiver amamentado e quiser doar pode procurar o banco de leite humano mais próximo ou ligar para o Disque Saúde, no número 136.
Não existe quantidade mínima para fazer a doação, ou seja, a mulher não precisa se preocupar em encher o pote para fazer a entrega. Todo leite doado é analisado, pasteurizado e submetido a rigoroso controle de qualidade antes de ser ofertado a uma criança.
Antes da coleta, a doadora deve fazer uma higiene pessoal, cobrir os cabelos com lenço ou touca, usar pano ou máscara sobre o nariz e a boca, lavar bem as mãos e os braços, até o cotovelo, com bastante água e sabão. As doadoras devem lavar as mamas apenas com água e, em seguida, secá-las com toalha limpa. O leite deve ser coletado em local limpo e tranquilo. O leite humano extraído para doação pode ficar no freezer ou no congelador da geladeira por até 10 dias. Nesse período, deverá ser transportado ao banco de leite humano mais próximo.
Fonte: EBC