Mais parecido com uma sirene de alarme de incêndio, o canto da araponga-da-amazônia (Procnias albus) foi medido pela primeira vez por biólogos do Brasil e EUA. Com uma intensidade de 125 decibéis, o pássaro da região amazônica se tornou o pássaro mais barulhento que se tem registro, em estudo publicado em outubro pela revista “Current Biology”.

A espécie é brasileira e bastante comum entre os estados de Roraima e do Pará. Seu canto é mais alto que o grito de um macaco bugio; mais intenso que um show de rock ou o trânsito de uma cidade barulhenta. O ruído só fica abaixo do emitido pela turbina de um avião.

O registro foi feito pelos pesquisadores Mario Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e Jeff Podos, professor de biologia da Universidade de Massachusetts, EUA. A medição do ruído foi feita a partir de equipamentos de alta precisão na captura de sons.

Canto para encantar fêmeas – O pesquisador de Massachusetts celebrou, por meio de um comunicado, que o estudo pôde captar a aproximação de machos e fêmeas das arapongas na natureza. De acordo com o biólogo, neste momento é que os animais ficam mais barulhentos. “E não é só isso, eles se viram dramaticamente durante o canto, para poder encerrar com a nota final diretamente para as fêmeas”, disse.

O próximo passo da pesquisa, diz o cientista, é entender melhor o porquê elas permanecem ao lado dos machos, ainda que eles sejam tão barulhentos. Há riscos para o sistema auditivo dos animais, explica.

Tamanho não é documento – De porte pequeno, o pássaro cantor pode chegar a ter apenas 30 cm, da ponta do bico à da cauda, e chega a pesar por volta de 220 g. O animal, entretanto, é bastante forte e tem o abdômen reforçado. O outro responsável pelo estudo, Cohn-Haft, disse à BBC que o bicho tem um “tanquinho”, com músculos visíveis na região abdominal. “A araponga-da-amazônia tem abdominais de quem malha”, comparou o pesquisador.

Assista ao vídeo com o canto do pássaro.

Foto: Anselmo d’Affonseca/INPA
Fonte: G1