Fonte de importantes dados sobre a biodiversidade relacionada aos helmintos – vasto conjunto de vermes que parasitam homens e animais –, a centenária Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) reúne mais de 38 mil exemplares, originários de países dos cinco continentes. Os pesquisadores responsáveis pela Coleção acabam de publicar um catálogo reunindo 200 helmintos monogenóides, um grupo que costuma parasitar peixes. O esforço recobre os exemplares que foram incluídos no acervo da Coleção a partir do final da década de 1970. O inventário contempla os espécimes-tipo (holótipos e parátipos): eles são utilizados para basear a descrição de uma determinada espécie, o que é fundamental para a pesquisa taxonômica, ancorada em classificar e identificar exemplares. O catálogo foi publicado na revista científica ZooKeys e está disponível para consulta gratuita.
A lista apresenta a classificação e a nomenclatura atual de 203 espécies, incluindo características como a região geográfica onde os parasitos costumam ser encontrados, o tipo de hospedeiro preferencial e os órgãos que costumam ser atingidos pela infecção, além do número de registro na Coleção Helmintológica, o que permite o acesso aos exemplares originais depositados no acervo. “O catálogo torna mais acessível a realização de estudos parasitológicos nas áreas de taxonomia e sistemática. O material poderá ser usado para a rotina de identificação de vermes e também para consulta por pesquisadores que pretendam propor a descrição de uma nova espécie, por exemplo”, ressaltou Marcelo Knoff, pesquisador do Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados do IOC e atual curador da Coleção Helmintológica.
A iniciativa atualiza uma lista elaborada em 1979, com apenas 11 espécies de vermes monogenóides. Segundo Knoff, a produção do catálogo faz parte das recomendações do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (CINZ). De acordo com o Código, as instituições que abrigam exemplares-tipo devem contemplar medidas necessárias à preservação, incluindo a publicação de listas de material-tipo que fazem parte dos acervos.
Sobre a Coleção Helmintológica
A Coleção Helmintológica do IOC é a maior da América Latina e está entre as maiores coleções de referência mundial. O acervo reúne helmintos de animais da fauna brasileira, representando a biodiversidade de diferentes biomas, incluindo Amazônia, Mata Atlântica, cerrado, caatinga, e pantanal. Os exemplares são holótipos, parátipos e espécimes representativos de platelmintos, nematóides, acantocéfalos, gordiáceos e pentastomídeos. A Coleção é credenciada como fiel depositária de amostras de patrimônio genético pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN/Ministério do Meio Ambiente). O acervo recebe depósitos de pesquisadores de instituições do Brasil e do mundo e disponibiliza serviços de consulta e empréstimo de espécimes, cursos e palestras sobre o espaço.
Fonte: Fiocruz | Lucas Rocha
Imagem: Fiocruz