Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) monitoraram duas regiões da Caatinga, uma de mata nativa e outra de pasto, e concluíram que as mudanças do uso do solo não apresentaram impacto significativo nas emissões de gases do efeito estufa.

Os cientistas observaram ainda que as emissões na Caatinga são relativamente baixas quando comparadas com as de outros biomas. Apesar disso, os dados não devem ser ignorados uma vez que regiões áridas e semiáridas ocupam 41% do planeta e sofrem o intenso impacto de atividades humanas, como agricultura e pecuária.

“O objetivo foi investigar se o uso da terra e as consequentes mudanças na cobertura do solo alteram os ciclos biogeoquímicos e as emissões de gases do efeito estufa na Caatinga, que abrange uma área de 844.453 km² do território brasileiro, um bioma de grande biodiversidade endêmica e com outras características particulares que o fazem exclusivamente brasileiro”, explicou o pesquisador Jean Pierre Balbaud Ometto, do Inpe.

Os resultados do monitoramento, realizado em 2013 e 2014 no município São João (PE), revelam que as emissões de óxido nitroso e de dióxido de carbono foram significativamente superiores às de metano, mas não houve diferenças consideráveis entre as medições feitas na vegetação nativa e na área de pasto. Por outro lado, as condições de temperatura e de umidade do solo impactaram significativamente as alterações das emissões de gases.

Seca
De acordo com o estudo, realizado com apoio da Fapesp, as emissões foram significativamente menores durante a estação seca, que reduz a matéria orgânica, a disponibilidade de nutrientes e a atividade microbiana. Já a ocorrência de chuva estimula atividades microbiológicas e o aumento das emissões de gás carbônico e óxido nitroso.

“A exposição direta da superfície do solo à radiação solar altera sua dinâmica microbiológica em virtude das altas temperaturas, o que influencia as emissões de gases do efeito estufa. A umidade do solo também é essencial para a emissão desses gases, especialmente do nitrogênio, pois a atividade microbiana no solo e a decomposição da matéria orgânica dependem da disponibilidade hídrica”, afirmou o pesquisador Eráclito Sousa Neto, também do Inpe.

Ele alerta, no entanto, que outras variáveis podem impactar as emissões. “As variáveis ambientais de temperatura e umidade do solo são importantes reguladores das emissões de gases. No entanto, a variabilidade elevada do clima e das precipitações, típica da Caatinga, associada a alterações antrópicas dificulta determinar as tendências de emissões para o bioma.”

Segundo os pesquisadores, os resultados do monitoramento revelaram que as emissões de gases do efeito estufa na região estudada são muito baixas, porque se trata de um sistema de dinâmica relativamente lenta, mas nem por isso são menos importantes.

Fonte: Portal Brasil, com informações do MCTI
Imagem: MCTI