O Japão publicou um esboço de regulação que permite o uso de ferramentas de edição gênica em embriões humanos. A proposta foi divulgada em 28 de setembro, em um painel de especialistas que representavam os ministérios da saúde e da ciência do país.
Embora o país regule o uso de embriões humanos para pesquisa, não existem diretrizes específicas sobre o uso de ferramentas como o CRISPR-Cas9 para fazer modificações altamente precisas no DNA até agora.
Tetsuya Ishii, bioeticista da Universidade de Hokkaido, em Sapporo, diz que, antes do esboço das diretrizes ser publicado, a posição do Japão sobre a edição de genes de embriões humanos era neutra. A proposta agora incentiva esse tipo de pesquisa, diz ele.
Mas, se adotadas, as diretrizes restringiriam a manipulação de embriões humanos para reprodução, embora isso não se torne obrigatório legalmente.
A manipulação de DNA em embriões pode revelar ideias sobre o desenvolvimento humano inicial. Os pesquisadores também esperam que, a longo prazo, essas ferramentas possam ser usadas para corrigir mutações genéticas que causam doenças, antes que elas sejam transmitidas.
Mas a edição de genes em embriões humanos, mesmo para pesquisas, tem sido controversa. Muitos pesquisadores e éticos temem que a técnica possa ser usada para alterar o DNA em embriões com razões não médicas. Muitos países proíbem a prática, permitindo que as ferramentas de edição gênica sejam usadas apenas em células adultas não reprodutivas.
Pesquisadores de todo o mundo publicaram pelo menos oito estudos sobre a edição de genes em embriões humanos. Parte do trabalho foi feito na China e nos Estados Unidos, onde o uso da técnica não viola nenhuma lei se feito com financiamento privado; alguns foram feitos no Reino Unido, onde a permissão deve ser concedida por um órgão nacional regulador.
As diretrizes preliminares do Japão estarão abertas para comentários públicos a partir do próximo mês, e provavelmente serão implementadas no primeiro semestre do próximo ano.
Fonte: Scientific American Brasil