Qual é o impacto do desmatamento da Amazônia na qualidade dos dados sobre a biodiversidade do bioma? A procura por respostas rendeu ao biólogo Bruno Umbelino da Silva Santos, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o prêmio mundial Jovens Pesquisadores na área de tecnologia da informação para a biodiversidade, categoria mestrado. É a primeira vez que um brasileiro conquista a premiação.

Na quarta-feira, 26 de outubro, em Brasília, Umbelino recebeu da Plataforma Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF, na sigla em inglês) o prêmio no valor de 4 mil euros para dar prosseguimento às pesquisas. Aluno de pós-graduação de Diversidade e Conservação nos Trópicos do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da Ufal, o pesquisador de 23 anos é autor do estudo “Mapeando a perda do conhecimento da biodiversidade na Amazônia em função do desmatamento histórico e futuro”.

“Eu quis estudar os impactos antropogênicos na floresta tropical Amazônia, uma das mais importantes do mundo. Avaliar a ação do homem ao longo do tempo e, com isso, gerar um alerta para mudança de comportamento futuro”, explicou Santos.

Com base em um modelo que estima a totalidade de dados na região, ele pretende quantificar o conhecimento sobre a biodiversidade já perdido em decorrência do desmatamento e projetar um mapa que possa ser um instrumental para a orientação de amostragens de campo e pesquisas futuras, especialmente quando usado juntamente com dados atualizados sobre o desmatamento. Segundo o estudo, o declínio na qualidade dos dados pode trazer consequências graves para o planejamento da conservação, uma vez que os pesquisadores passam a construir modelos de distribuição de espécies com dados incompletos de florestas que não existem mais e que, por definição, não podem ser inventariados novamente.

“Considero que o uso de grandes bancos de dados (Big Data) é bastante relevante no suporte aos estudos conservacionistas, biogeográficos e de outras subáreas da biologia. Sua relevância vai da maximização do tempo de coleta, completude de dados e maior precisão na inferência das amostras”, afirmou o pesquisador.

Como parceiro do GBIF no Brasil, o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) foi responsável pela seleção nacional que indicou o estudante como concorrente brasileiro. A ação conta com suporte técnico do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e apoio financeiro do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).

Reunião
Nesta semana, os países membros do GBIF estão reunidos em Brasília para o 23º Encontro do Conselho de Governança que vai definir as ações para o período 2017-2021.

“É daqui que nascem as atividades de cooperação entre países, se fala sobre uso dos dados, das licenças, se trama as atividades conjuntas para os próximos quatro anos de atividades”, explicou a diretora do SiBBr, Andrea Portela Nunes, coordenadora-geral de Biomas da Secretária de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTIC.

Nesta sexta-feira (27), o plano de implementação da Plataforma Global de Informação sobre a Biodiversidade para 2017-2021 será tema de simpósio científico promovido pelo SiBBr. Aberto ao público, o simpósio “SiBBr: Implementando o GBIF no Brasil” acontece na quinta-feira (27), entre 9h e 17h, no Auditório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e integra a programação oficial do evento do GBIF no Brasil.

Jovens Pesquisadores
Anualmente o prêmio Jovens Pesquisadores oferece dois auxílios de 4 mil euros, para um projeto de mestrado e outro de doutorado. Os projetos são avaliados respeitando os seguintes critérios: originalidade e inovação; uso e relevância estratégica para o GBIF; e mensurabilidade e impacto no avanço da informática para a biodiversidade e/ou a conservação da diversidade biológica.

O vencedor brasileiro compartilha o prêmio com o mexicano Juan M. Escamilla Molgora, doutorando da Universidade de Lancaster, no Reino Unido. A Comissão de Ciência do GBIF elogiou os dois premiados pela inovação e originalidade da pesquisa e o uso criativo de dados disponibilizados pela plataforma global de biodiversidade.

Fonte e Imagem: MCTIC