A irrigação do solo tornou-se uma das principais práticas para a garantia da produção agrícola. Mas a técnica ainda é pouco usada na região semiárida por conta da escassez de água e também por falta de manejo adequado para manter a saúde dos solos e garantir a produtividade sem o uso de adubos químicos.
O solo está em constante processo de evolução e desenvolvimento e por conta disso passou a ser considerado um sistema dinâmico que se encontra sob a ação contínua dos fatores ambientais. A principal atividade da relação solo-água na agricultura é a irrigação – que precisa ser bem planejada para evitar o empobrecimento da terra com o passar dos anos.
Em 2012, foi iniciado no Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o estudo “Influência da aplicação da água residuária nas características químicas de um planossolo nátrico na região semiárida”. A pesquisa resultou da dissertação de mestrado da pesquisadora Vanessa Gomes do Núcleo de Ciências do Solo e Mineralogia do instituto, realizada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Campus Areia.
O principal objetivo da análise foi avaliar a influência da água residuária na composição química do solo. Neste estudo, uma área experimental de 3.600 m² foi utilizada para o plantio de espécies florestais nativas da Caatinga. Antes da irrigação, em outubro de 2012, foram coletadas 64 amostras de solos. Após 19 meses, em maio de 2014 (período anterior a estação chuvosa), com o uso por gotejamento da água residuária foram coletadas mais 48 amostras.
Aumento da matéria orgânica
As análises de nutrientes indicaram que depois das amostras de solos serem irrigadas por 17 meses o valor de matéria orgânica saltou de 2.11 gramas por quilograma para 16.32 gramas por quilograma – um aumento de cerca de 800% de matéria orgânica do solo.
Também foi verificado um aumento significado no teor de Fósforo (P) que no intervalo de 17 meses cresceu de 2.33 grama por quilograma para 19.12 grama por quilograma. Além de substancial aumento de Nitrogênio, Cálcio e Magnésio e da diminuição dos níveis de alumínio. O estudo indica que o aumento desses nutrientes e a diminuição no teor de alumínio beneficia o solo auxiliando na recuperação de áreas degradadas destinadas ao plantio.
Os resultados têm como base uma das camadas de solo retiradas das amostras do experimento.
Após a análise, Vanessa concluiu que a irrigação com água residuária exerce a função de adubo líquido, tornando o uso do esgoto doméstico viável para melhorar a fertilidade do solo em zonas semiáridas e diminuir o estresse hídrico da região.
Fonte: Insa | Ermaela Cícera Freire
Imagem: Insa