A Floresta Nacional (Flona) de Nísia Floresta, unidade de conservação (UC) administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Rio Grande do Norte, agora conta com uma nova espécie identificada e registrada: o Pseudopaludicola jaredi, um pequenino sapo que mede cerca de 2 cm (cabe em uma moeda de 5 centavos).
De acordo com a analista ambiental Patrícia Silva, o nome da espécie é uma homenagem ao biólogo Carlos Alberto Jared, estudioso da morfologia e comportamento de anfíbios e répteis do Nordeste brasileiro. “Até o momento, esse sapinho só foi encontrado na Flona de Nísia Floresta e no município de Viçosa do Ceará”, ressalta Patrícia. Ainda segundo a analista, a descoberta da espécie na UC é fruto de um trabalho de pesquisa focado em répteis e anfíbios que já dura dois anos e continua em andamento.
Coordenada pelo professor doutor Adrian Garda, do Laboratório de Répteis e Anfíbios da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a pesquisa conta com a parceria de outras instituições, como Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e universidades federais do Rio Grande (FURG), Paraíba (UFPB), Mato Grosso do Sul (UFMS) e Uberlândia (UFU). O Pseudopaludicola jaredi foi descrito em um artigo publicado no jornal científico alemão Salamandra (Leia aqui em inglês).
“É incrível como ainda encontramos espécies não descritas até mesmo nos lugares mais bem amostrados. Isso demonstra a importância de conservar e manter todos os fragmentos naturais que conseguirmos. Se ainda existem espécies de vertebrados não descritos nessas áreas, o que dizer de microinvertebrados, nematóides, fungos ou bactérias? Qual utilidade futura eles podem nos reservar e que parte fundamental do quebra-cabeças da evolução eles podem nos ajudar a entender?”, questiona Adrian Garda.
Para o pesquisador, as unidades de conservação são “museus vivos”, cruciais para a manutenção da nossa biodiversidade. “A Flona de Nísia Floresta, um enclave onde zonas de restinga, lagoas e Mata Atlântica coexistem em modestos 174 hectares, é uma dessas áreas. Ela e o Pseudopaludicola jaredi nos mostram que, para a megadiversidade brasileira, tamanho não é documento”, conclui Garda.
Fonte: ICMBio | Nana Brasil
Imagem: ICMBio