A quarta edição da Conferência Nacional de Biologia – ConfeBio foi realizada na terça-feira (7/11), em Brasília, no ParlaMundi Centro de Convenções. Pela primeira vez, desde a primeira edição, em 2020, o encontro aconteceu presencialmente. O evento também pôde ser assistido pelo canal do CFBio no Youtube.
Com o tema “Da formação acadêmica ao mercado de trabalho”, a 4ª ConfeBio proporcionou debates e reflexões sobre os desafios para a profissão, e contou com a participação de profissionais Biólogas e Biólogos com ampla experiência no ensino e no mercado.
A presidente do Conselho Federal de Biologia – CFBio, Bióloga Maria Eduarda Larrazábal (CRBio 019194/05-D), realizou a solenidade de abertura, com a presença da conselheira secretária Bióloga Helena Lúcia Ferreira (CRBio 000388/04-D) e da conselheira tesoureira Bióloga Alcione Ribeiro de Azevedo (CRBio 016349/06-D).
Comunicação humanizada e personificada
A palestra magna, mediada pela presidente Maria Eduarda Larrazábal, trouxe o tema “Como aprimorar e inovar a comunicação sobre a profissão Biólogo?”, e contou com a presença do Biólogo Hugo Fernandes (CRBio 067339/05-D), mestre e doutor em Zoologia e professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Ele trabalha há mais de dez anos para a popularização da ciência no país e também atua em empresas de consultoria ambiental. Com grande experiência em comunicação, foi considerado pela Revista GQ como um dos Influenciadores do Conhecimento no Brasil.
Por atuar nos dois universos – meio acadêmico e mercado de trabalho –, entende que há um distanciamento muito grande entre eles, o que faz com que a comunicação com o público e com os profissionais acabe sendo distorcida. Para ele, uma das maneiras de aprimorar a comunicação é humaniza-la: “Nós somos ligados a pessoas, isso é intrínseco à nossa existência. Se queremos comunicar bem, uma das chaves principais é personificar. Se você vai falar sobre algo, coloque alguém para falar sobre algo”.
Para Hugo, contar histórias (“storytelling”) também é uma forma de construir pontes e envolver mais as pessoas. “Nós ainda paramos para ouvir histórias. Avisar algo é funcional, mas contar histórias sobre aquilo, com humanização, é muito mais funcional, muito mais engajável”, enfatizou.
Assista à palestra magna na íntegra.
Formação de qualidade e preparação para o mercado
A primeira mesa-redonda abordou o tema “Os desafios de uma formação acadêmica com qualidade e voltada ao mercado”. A mediação foi do Biólogo Gustavo Pessôa de Rezende (CRBio 055200/02-D), presidente do CRBio-02.
A Bióloga Alessandra Argôlo (CRBio 027687/08-D), Gerente de Laboratórios da Rede UniFTC e professora do SENAI/CIMATEC, destacou que as universidades públicas privilegiam a contratação de professores com grande experiência em pesquisa, mas ressaltou que também é necessário haver professores com o perfil voltado para o mercado, com vivência no campo de trabalho. Ela também apresentou uma análise de matrizes curriculares de dez instituições públicas de ensino superior, mostrando que há baixa oferta de disciplinas com caráter profissionalizante.
O Biólogo José Abílio Barros Ohana (CRBio 052721/06-D) acumula experiência nas áreas de meio ambiente e diversidade, educação ambiental, inventário, manejo e conservação de espécies da fauna silvestre nativa e administração pública. Em sua exposição, afirmou que é preciso que o Biólogo saiba governar a si mesmo, e que saiba utilizar os conhecimentos adquiridos na universidade para solucionar os problemas. Ressaltou que há competências que precisam fazer parte da formação e que são necessárias para atuação no mercado de trabalho: conhecimento (processo de aprendizagem), habilidades (saber como fazer) e atitudes (estar disposto a fazer).
Coordenador do Curso de Ciências Biológicas e do Curso de Pós-graduação na Unoesc, o Biólogo Roberto Degenhart (CRBio 025425/09-D) falou sobre os elementos que compõem o processo de formação, que envolvem o perfil do aluno e suas expectativas, as instituições de ensino e seus meios de formação e o mercado de trabalho e suas necessidades.
Confira a primeira mesa-redonda.
Realidade e desafios do mercado de trabalho
No encerramento da 4ª ConfeBio, os convidados da segunda mesa-redonda abordaram o tema “O atual mercado de trabalho do Biólogo: realidade, perspectivas e soluções”.
A Bióloga Eliza Mense (CRBio 008160/01-D), Diretora Executiva do Instituto Arara Azul, trabalha há 23 anos no terceiro setor como “stakeholder”, atuando em planejamento, gestão, marketing, empreendedorismo e captação de recursos. Eliza falou sobre os principais desafios do empreendedorismo e apresentou um estudo de caso de captação de recursos do Instituto Arara Azul.
A Bióloga Marcela Bruxel (CRBio 053230/03-D) atua no ramo de assessoria e consultoria ambiental no âmbito do licenciamento ambiental. Entre os assuntos abordados por ela estão: mitigação e compensação de impactos ambientais em empreendimentos; as novas exigências dos órgãos ambientais, de acordo com o grau de impacto ambiental; passivos e impactos causados por desastres naturais; concorrência e oscilações do mercado de trabalho; atualização da legislação ambiental.
Tendo experiência nas áreas de ecologia aplicada, com ênfase em planejamento da paisagem, incêndios florestais, recuperação de áreas degradadas, a Bióloga Luciene Ribeiro (CRBio 033406/07-D) é CEO da empresa Exus Consultoria e Assessoria Ambiental Ltda. Em sua fala, ressaltou que a atuação profissional exige paixão, aliada ao preparo para as necessidades do mercado de trabalho, sem esquecer do lado humano na formação dos profissionais.
O Biólogo Manoel Paiva de Araújo Neto (CRBio 59808/05-D) é professor pesquisador do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Ceará. A partir de sua experiência, falou sobre a realidade da profissão, tratando de questões como a formação do profissional no interior, o mercado para o Biólogo distante dos grandes centros urbanos e o currículo do curso de Biologia.
O Biólogo Filipe Nunes (CRBio 037477/04-D), mediador do debate, é integrante da Comissão Técnica de Meio Ambiente do CRBio-04 e sócio-diretor da TAUPO Ambiental. Para ele, algumas das virtudes do Biólogo frente ao mercado de trabalho são a formação multidisciplinar, o olhar holístico (capacidade estratégica), altíssima adaptabilidade e visão de futuro. Filipe também abordou desafios, perspectivas e soluções para a profissão.