O CRBio-08 lança nesta terça-feira, 14 de julho, seu novo site, com uma reestruturação de layout, de conteúdos e com novas ferramentas adaptadas às mudanças e necessidades da profissão. Confira a entrevista com o Presidente do CRBio-08 Biólogo César Roberto Góes Carqueija (CRBio 27.013/08-D) para saber mais sobre o novo site e sobre as ações do Conselho durante a pandemia .

Quais são as facilidades apresentadas pelo novo site para atender a necessidades da profissão?

César Carqueija – No novo site, criamos uma área exclusiva para os coordenadores de cursos de Ciências Biológicas. Agora eles poderão enviar os dados dos egressos diretamente na plataforma, acabando com a necessidade de enviar ofícios, postagem de correios, etc. Isto facilitará e muito o trabalho dos coordenadores, além de dar maior celeridade na comunicação com os egressos.

Também foi criado banco de currículos para as empresas registradas no CRBio-08. Isto dará mais visibilidade a elas, que poderão oferecer seus serviços a outras empresas. Benefício para elas e para os biólogos responsáveis técnicos.

Além disto, as nossas ações estão agora em área de fácil acesso, assim como foi criada uma área exclusiva para os depoimentos e entrevistas com biólogos em exercício profissional.

Tudo isto em uma plataforma mais responsiva e com um layout mais moderno. Esperamos que aproveitem!

 

O mundo está passando pela maior crise dos últimos 80 anos e ainda são incertos os rumos que tomaremos. Como o CRBio-08 tem acompanhado e buscado se adaptar ao novo momento?

César Carqueija – A pandemia já está gerando reflexos no mercado de trabalho. Temos acompanhando mensalmente a evolução do número de ARTs em nosso Regional, como um dos indicadores, além de outros números que contribuem para entender os impactos na profissão.
Para acompanhar a nova realidade, a primeira medida importante implantada pelo Sistema CFBio-CRBios foi prorrogar o pagamento da anuidade 2020 para biólogos e empresas registradas de 31 de março para 30 de julho.

Estamos também agindo de forma mais incisiva nos Editais de concursos e processos seletivos que não incluam biólogos, em cargos e atividades que sejam também de competência de nossos profissionais, através de notificações e, quando o caso, denúncia ao Ministério Público e Tribunal de Contas dos Municípios proponentes. Há poucos meses, o CFBio notificou, em nome do Sistema CFBio/CRBios, os Ministérios da Saúde e da Economia solicitando a inclusão de Biólogos e Biólogas no rol de profissionais a serem contratados para atuarem nas atividades de assistência e apoio à assistência à saúde, nas cidades do país que fazem frente ao combate da COVID-19.

Uma terceira ação está voltada para a formação contínua dos nossos profissionais.  Estamos em fase de organização de lives e cursos, com a participação de profissionais de diversas áreas de atuação do biólogo, juntamente com os Conselheiros do CRBio-08, para que possamos orientar e despertar, em nossos profissionais, possiblidades de atuação em diversas áreas, sejam aqueles em início de carreira, que já vão encontrar um cenário desfavorável, sejam aqueles já consolidados no mercado de trabalho, mas que poderão necessitar ampliar seu leque de atuação.

Além deste conjunto de ações, estamos solidificando o nosso banco de currículos para biólogos e expandindo para as empresas registradas, com o objetivo de facilitar que interessados possam fazer busca por empresas e profissionais registrados na 8ª Região para prestar serviços específicos de Ciências Biológicas.

Ressalto, também, que a equipe se encontra em teletrabalho, mas mantendo a mesma qualidade do atendimento aos profissionais e empresas.

 

Com a facilidade de acesso e de troca de informações no mundo virtual, principalmente com as incertezas da pandemia, o que será oferecido pelo CRBio-08 através dos seus meios digitais?

César Carqueija – Temos ampliado nossa comunicação com os profissionais e empresas registradas, com envio de SMS, email-marketing, redes sociais e site, com atualizações frequentes, sejam de noticias institucionais ou de temas relevantes das Ciências Biológicas. Neste momento de pandemia, estamos dando ênfase também a questão da COVID-19, sempre com informações atualizadas de fontes científicas e profissionais no Brasil e no mundo, de grande credibilidade.

Além disto, já contamos com um sistema informatizado bastante avançado, o CRBio-08 24h, onde biólogos e empresas podem fazer requerimentos diversos e acompanhar a tramitação processual. Para atendimento, foram disponibilizados cinco e-mails e seis números de celular para que os Biólogos consigam atendimento com os setores do Conselho sempre de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

 

Como o Sistema CFBio/CRBios está encarando seu papel na cooperação coletiva da classe pelo fortalecimento da profissão no cenário nacional?

César Carqueija – Estamos sob uma nova gestão do Conselho Federal de Biologia, iniciada este ano, que está enfrentando os desafios de uma pandemia grave e sem precedentes nestas últimas décadas. Entretanto, estas dificuldades estão servindo de oportunidades para implantação de uma política participativa efetiva e ampla dos Conselhos Regionais, em um sistema de trocas de informações, contínuas e frequentes, de forma desburocratizada e moderna. Esta nova dinâmica tem favorecido maior agilidade na adoção de medidas administrativas e estratégicas dentro do Sistema CFBio-CRBios, considerando a instabilidade, incertezas e mudanças rápidas de cenários que requerem celeridade nas ações.

Quatro frentes tem sido estabelecidas no Sistema CFBio-CRBios:  a primeira é desburocratização e aumento da celeridade nos processos administrativos, destacadamente de novos registros de profissionais que têm assumido novos postos de trabalho criados com a COVID-19. A segunda é o fortalecimento político através de articulações no fórum nacional dos Conselhos Federais, que favoreçam a proximidade com parlamentares no Congresso Nacional e nas bases legislativas nos estados, tanto impedindo o avanço de Projetos de Lei (PL) que prejudiquem a atuação do biólogo, como acompanhando aqueles que nos favorecem, ação realizada através de assessoria parlamentar.

A terceira frente relaciona-se diretamente com a comunicação do Sistema CFBio-CRBios, que este ano passou a discutir ações de forma integrada, ampliando a visibilidade social do biólogo e dando um caráter de unidade dentro do Sistema. Por fim, a quarta frente, que é a modernização normativa, com a revisão de Resoluções relacionadas à atuação do biólogo e com a criação de novas normativas, com vistas a dar amparo legal para melhor inserção do profissional no mercado de trabalho. A perspectiva econômica para os próximos anos não é a das melhores, e precisamos oferecer uma legislação ao profissional Biólogo que seja ainda mais sólida, adaptada à realidade e moderna.

 

Como o Conselho tem se articulado com as instituições de ensino superior (IES) para discutir a formação dos biólogos preparados para enfrentar os novos desafios emergentes pós-pandemia ?

César Carqueija – Já realizamos dois encontros com os coordenadores dos cursos de Ciências Biológicas de IES públicas e privadas de Alagoas e Sergipe, e um na Bahia. O segundo da Bahia iria acontecer em abril deste ano, mas, por conta da pandemia, foi necessária reestruturação e  ele será realizado neste segundo semestre.

Um dos pontos fundamentais nestes Encontros é sensibilizar os coordenadores, membros dos Núcleos Docentes Estruturantes e dos Colegiados para a necessidade de modernização na formação do profissional do futuro. A profissão de Biólogo cresceu muito nestes últimos 10 anos. O mercado de trabalho exige hoje um perfil profissional com outros valores agregados e a formação precisa acompanhar este processo.

A nossa profissão surgiu no ambiente acadêmico, vinculado ao antigo curso de História Natural, com forte formação para a pesquisa. Esta condição umbilical nos deu enquanto profissão posição muito confortável na capacidade de geração de novos conhecimentos científicos. Este espaço já temos. O que precisamos agora é avançar cada vez mais na formação técnica, diante de tantos desafios e oportunidades do mercado de trabalho.

O estudante precisa ter uma formação que lhe dê condições de escolhas de carreira.  Mestrado e Doutorado não garantem mais, isoladamente, emprego no Brasil. Nas últimas décadas houve um aumento expressivo de mestres e doutores no mercado. Entretanto, o mesmo não podemos afirmar sobre o aumento proporcional de vagas nas IES que pudesse absorvê-los, e o cenário que se vislumbra com a crise pós-pandemia não é o dos mais promissores.

Precisamos, no século XXI, formar profissionais com grande capacidade de resolução de problemas, e não mais de repetição de conceitos e processos, como aconteceu no passado. Não se pode ensinar mais a Zoologia, por exemplo, sem contextualizar com o pleno exercício profissional. O aluno precisa aprender, por exemplo, como realizar um levantamento faunístico, objetivando a pesquisa ou a prestação de serviço. Assim, seja qual foi o caminho profissional escolhido, o futuro profissional estará preparado e competitivo para se inserir no mercado de trabalho, de forma sempre igualitária com outras profissões de sombreamento. Mas há ainda muita resistência a esta mudança. E os mais resistentes diriam que a solução neste caso, seria criar mais uma disciplina, o que é um equívoco, considerando o limite de tempo para a integralização curricular. O que precisa é mudar a filosofia, e consequentemente os métodos.

É preocupante que uma parte expressiva de egressos não saibam, por exemplo, quanto cobrar por uma prestação de serviço durante sua atuação profissional ou elaborar uma proposta técnica-comercial. Parte deste problema poderia ser reduzido se houvesse uma disciplina de Legislação Profissional obrigatória nos cursos de Ciências Biológicas. Precisamos construir a identidade profissional do aluno em formação, desde o início. Profissionais com autoestima elevada, cientes de seus direitos e deveres, é primordial tanto para o seu sucesso, quanto para o fortalecimento e penetração social da nossa profissão.

Estes têm sido alguns pontos que estamos discutindo com os coordenadores de cursos e eles se mostram sensíveis à necessidade de mudanças.

Precisamos convergir esforços para garantir que a sociedade seja servida por profissionais capazes de atender suas demandas, sempre imbuídos da consciência dos seus direitos e deveres. Isto é cidadania.