O Presidente do CRBio-08, o Biólogo César Carqueija, conta em entrevista sobre a importância do profissional biólogo para a sociedade, e quais os principais desafios enfrentados no mercado de trabalho. Além disso, compartilha os principais avanços na profissão e as ações que estão sendo realizadas pelo Conselho para fortalecer a atuação do biólogo. Confira!

1. Como você avalia a importância do profissional Biólogo neste momento pós pandemia?

Estamos vivendo um momento difícil no país, com alta taxa de desemprego, economia paralisada e, claro, com todas as consequências advindas da pandemia da COVID-19. Esse cenário não é favorável para nenhuma das profissões. Porém, neste segundo trimestre, a economia já começa a dar alguns indicativos de retomada, mesmo que tímida. Desse modo, acreditamos que essa retomada será fundamental para a inserção do biólogo em diversas oportunidades.

A expectativa é que teremos o aumento do fluxo de processos de licenciamento ambiental, de execução de instrumentos ambientais diversos, como estudos de impactos ambientais, monitoramentos, instrumentos de recuperação ambiental, entre outros. Isso amplia e abre, portanto, novas possibilidades não somente de serviços para os profissionais biólogos, mas também novos postos de trabalho na área de meio ambiente.
Na saúde, a perspectiva também é positiva, no sentido de que com as novas variantes do vírus SARS-CoV-2 que estão em circulação, rotavírus, norovírus, varíola do macaco, dentre outras, serão estabelecidas e fortalecidas as políticas públicas e do terceiro setor voltadas para a prevenção em saúde, desenvolvimento de novas técnicas de apoio diagnóstico, aumento dos exames de apoios diagnósticos, incluindo o desenvolvimento de novos imunizantes. Mais uma vez, nessa área de atuação do biólogo, vamos ter a abertura de novos postos de trabalho e serviços para atender as necessidades da população.

E, por fim, a biotecnologia, que é a mola mestra da bioeconomia, que será uma das maiores tônicas filosóficas e de políticas públicas para este novo cenário que desponta no nosso país e no mundo. Então, nas três áreas de atuação do biólogo, as perspectivas são promissoras.

2. Quais os principais avanços da profissão nos últimos anos?

A nossa profissão foi regulamentada em 1979 e até então quem trabalhava com as ciências biológicas, no sentido mais geral do termo, eram os formados em história natural. Entretanto, naquele momento da regulamentação da profissão, nós tínhamos uma formação mais voltada para a pesquisa do que para a técnica. Ao longo dos anos, fomos nos aperfeiçoando na formação para a atuação na técnica. Entretanto, a profissão ainda precisa quebrar muitos dos seus paradigmas na formação desses estudantes, considerando que as matrizes curriculares e os projetos pedagógicos dos cursos de Ciências Biológicas, ainda são fortemente voltados para a formação desse aluno para atuação na pesquisa e não para o mercado não acadêmico. É possível estabelecermos um equilíbrio nesta formação para que seja dada condições do egresso fazer as suas escolhas profissionais, mas com a formação adequada para uma melhor e mais rápida inserção no mercado de trabalho.

Durante o curso de formação, os estudantes precisam desenvolver habilidades de resolução de problemas. Há ainda na formação, inclusive nos processos avaliativos, um perfil de repetição de conceitos e processos, que nas Ciências Biológicas, são muito amplos e heterogêneos. É imprescindível contextualizar teoria e prática ao exercício profissional. Este é o grande desafio para a formação do Biólogo no século XXI. Além disso, é necessário que esse estudante possa, durante a formação, desenvolver a identidade profissional de biólogo, sempre de forma transversal durante todo o curso. E para isto, precisa conhecer a legislação pertinente a sua profissão, os instrumentos de atuação profissional, seus limites de atuação e o Código de Ética Profissional.

É claro que esse cenário vem sendo modificado. O sistema CFBio/CRBios tem promovido encontros com os coordenadores de Ciências Biológicas no país para que possamos trocar experiências e passar para as instituições de ensino como esse mercado se apresenta, o que ele exige de qualificação desse biólogo, sempre visando atender as demandas sociais.

3. Na sua opinião, como o profissional pode atender às novas necessidades do mercado de trabalho?

Dois pontos são cruciais em relação a isso. O primeiro é a formação continuada e atualização profissional sempre, seja qual for a área que esse profissional atue. O segundo é estar atento às oportunidades do mercado de trabalho, e às novas possibilidades que passam a ser garantidas pelo Conselho Federal de Biologia através das Resoluções especificas. Um exemplo disso é a saúde estética, recente área em que o profissional biólogo pode atuar, caso atenda aos critérios exigidos na normativa.
É preciso estar atento portanto, as novas oportunidades do mercado de trabalho, sempre dinâmico. Neste momento de crise, é preciso transformar as dificuldades em oportunidades, inclusive com mudança de rota profissional, se necessário. Se reinventar é a filosofia do pós pandemia.

4. Como o CRBio-08 tem atuado para o fortalecimento profissional desde a formação até as mais diversas áreas de atuação do Biólogo?

O Sistema CFBio/CRBios está estruturado de forma que o Conselho Federal regulamenta a profissão de biólogo através de Resoluções e os Conselhos Regionais têm o papel de orientação e fiscalização do exercício profissional de pessoas físicas e jurídicas. Portanto, são Órgãos executivos de fiscalização, diferentes, por exemplo, de sindicatos. Desta forma, o CRBio-08 tem realizado seu papel na fiscalização, garantindo que a profissão de biólogo não seja exercida por leigos e, assim, garantindo à sociedade a qualidade dos serviços prestados e como consequência, a garantia também dos espaços de trabalho do profissional Biólogo.

No que tange a orientação aos profissionais e pessoas jurídicas, temos os nossos canais de comunicação, principalmente do setor de fiscalização, que orienta nas questões relativas a Anotações de Responsabilidade Técnica, Termo de Responsabilidade Técnica, áreas de atuação, dentre outras questões, inclusive denúncias de certames que não preveem Biólogos para a concorrência de profissionais biólogos em cargos em suas áreas de atuação. O CRBio-08 tem ainda atuado fortemente por meio do seu site, redes sociais e e-mails, orientando e mostrando aos profissionais diversas oportunidades no campo das Ciências Biológicas.

Temos também um banco de currículos de profissionais no nosso site, para que os biólogos incluam os serviços que eles possam prestar, para que as empresas tenham acesso fácil ao profissional capacitado. Além disso, estamos sempre realizando palestras em instituições de ensino, com o intuito de orientar os estudantes para sua orientação profissional.

4. Quais as próximas ações do Conselho e o que o Biólogo pode esperar neste segundo semestre em relação a cursos de formação?

Depois de muito trabalho e com o apoio do CFBio, estamos hoje com um espaço que é para o profissional Biólogo. O nosso auditório, inaugurado em 1º de julho, terá como objetivo promover cursos de formação continuada, que estão em fase de planejamento, mas serão realizados ainda no segundo semestre. Um dos cursos será na área de saúde estética, área recém contemplada para atuação do biólogo. Outros cursos também serão ofertados nos estados de Sergipe e Alagoas.

Também nos reuniremos com os profissionais que possuem responsabilidade técnica, para troca de informações e experiências, e orientá-los em relação à condução de sua responsabilidade técnica junto às empresas.

Vamos trazer também questões contemporâneas nas áreas de atuação do biólogo para discussão no nosso novo espaço. Esperamos também, cada vez mais, estreitar os laços com as instituições de ensino e demais Órgãos públicos relacionados a atuação do profissional Biólogo.